segunda-feira, 26 de julho de 2010

Implante dentário pode ficar mais rápido e barato

Um novo material criado por pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB/UFMG) poderá encurtar o tempo de recuperação de implantes dentários em pessoas que tiveram perda óssea.

Utilizando nanotubos de carbono e ácido hialurônico, os pesquisadores chegaram a um novo material que pode reduzir de três meses para um mês e meio o tempo de cicatrização. Após tentar sem sucesso o uso do ácido separadamente, eles decidiram revestir o titânio usado nos implantes com nanotubos de carbono associados ao ácido hialurônico.

"O titânio, na verdade é um apoio, é uma espécie de aço que une duas partes. No nosso experimento, além de unir um lado a outro, promovemos a cicatrização. O que tem efeito biológico é o ácido hialurônico. Criamos um novo material misturando o nanotubo e o ácido que, sozinho, degrada muito rápido em contato com a saliva e o sangue", explica o coordenador da pesquisa, Anderson José Ferreira, do departamento de Morfologia do ICB.

Além de diminuir o tempo de cicatrização, os nanotubos de carbono também deverão reduzir os custos do procedimento.

Segundo Ferreira, o nanotubo é um material caro, mas a quantidade utilizada nos procedimentos é muito pequena, o que o torna viável. "A nossa expectativa é que o preço caia ainda mais com a implantação do Centro de Tecnologia em Nanotubos da UFMG", diz.

Durante a realização do experimento, os pesquisadores também acabaram desenvolvendo novos usos para um antigo material. "O nanotubo é apresentado na forma de um gel, o que o torna muito instável em um ambiente bucal. Com o nanotubo de carbono, colocamos o material em uma forma de barra, esponja e pó. Isso flexibiliza a forma de uso, aumentando a característica biológica da substância, de promover a cicatrização", diz.

Agora os pesquisadores coordenados por Anderson Ferreira já trabalham para multiplicar o uso dos nanotubos de carbono "funcionalizados" com ácido hialurônico para ossos maiores e defeitos mais complexos. "Quando a pessoa extrai um dente é formada uma cavidade óssea, mas esse é um defeito pequeno. Queremos explorar defeitos maiores. Em breve, serão feitos estudos usando a tecnologia para realizar enxertos ósseos na tíbia, o segundo maior osso humano", diz.